segunda-feira, 27 de abril de 2015

Lições de Honório 

Imperador Honório
Foi no dia 23 de Janeiro de 393 d.C. que o Imperador Teodósio, o Grande, proclamou seu filho Honório 'co-imperador' do Império Romano. Honório tinha apenas oito anos de idade, e viria a ter um dos reinados mais desastrosos da história do Império Romano. O Imperador Teodósio havia reunido o mundo romano, sendo o último César a reinar no leste e no oeste, defendeu as fronteiras, estabeleceu o Cristianismo como religião oficial do Império e, no geral, teve um reinado até que glorioso. Por outro lado, o Imperador Honório viria a testemunhar o primeiro saque de Roma pelas hordas bárbaras quando Alarico, o Visigodo, capturou a Cidade Eterna em 410 d.C. Como isso aconteceu? 
Alarico I, rei Visigodo
Vários fatores contribuíram, mas um que se destaca foi a falta de um comandante efetivo para liderar as legiões romanas contra o inimigo. Quer dizer, havia um homem assim no reinado de Honório, e esse era o guerreiro "Flávio Estilicão". Considerado um bárbaro romanizado (filho de pai vândalo com mãe romana), Estilicão defendeu a Itália dos bárbaros com grande habilidade, indo de um ponto de perigo a outro para defender o coração do Império Romano ataque após ataque. Foi um dos mais memoráveis generais romanos. Foi também guardião e padrinho do imperador Honório. Entretanto, um oficial desonesto de Honório o convenceu de que Estilicão estava tramando contra ele, fazendo com que Honório o executasse. Com isso, o Império Romano perdeu o seu general mais talentoso na época em que mais o precisavam. 
Flávio Estilicão negociando com Godos
Que lição podemos tirar disso? A lição é de que este não foi um fato isolado. Mais tarde, o Imperador Valentiniano III teve outro general talentoso, Flávio Aécio, que foi também executado.Foi Aécio que derrotou Átila, o Huno, na batalha dos "Campos Cataláunicos". O ponto é: nos seus anos de declínio, o império romano parou de valorizar homens de talento e sucesso comprovado. Muito pelo contrário, esses homens enfrentavam as maquinações de homens 'menores' que os temiam por conta de seu talento. Eles os viam como rivais ao invés de meios de defender o mundo romano. Pode-se ver, com o Saque de Roma, no que resultaram tais atitudes. Hoje em dia parece que muitos têm a mesma mentalidade, glorificando o que é medíocre e tratando os talentosos e bem-sucedidos com desprezo ao invés de apreciá-los. Esse é um comportamento que devemos perder, ou terminaremos como o Imperador Honório, desolado de talento e com um império desmoronando ao seu redor.


Por: Johann Ludwig Burckhardt